Perturbações

Ainda me espreguiçava quando meu travesseiro sussurrou algo como "Hey, volte pra cama! Hoje vai dar merda". Mas eu ignorei ele, segui em frente. Coloquei uma roupa qualquer, passei escova nos cabelos e fui para a sala.

Por que ignoramos os avisos dos amigos? O travesseiro me entende, ele seca minhas lágrimas, ele limpa minha baba, ele abafa meu ronco.

Antes que pudesse me arrepender, já tinha lido as primeiras linhas daquele papel branco que estava despretenciosamente em cima da mesa de jantar. Logo no inicio dizia "Você foi intimada para depor..."

A primeira coisa que se passou na minha mente?
Dora! Claro que foi nela que pensei primeiro, não conheço outra criminosa que eu possa ter a figura ligada.
Eis que me ponho a pensar "Que porra Dora fez dessa vez que até eu to no meio?"

Quem poderia saber algo era Thaty. Já com aquela enxaqueca iniciando, peguei o telefone e liguei pra ela... TU TU TU dizia do outro lado da linha. Dei aquele sorriso amarelo, de canto de lábio. Com as mãos suadas disquei o numero da Alice, sempre que Thaty não atendia, é porque estava com Alice.

"Você ligou para a pessoa mais gostosa que possa conhecer. *gargalhada* 
Mas nesse momento estou com as mãos e boca ocupadas. 
Após o gemido deixe seu recado, que depois da ressaca eu retorno. *gemido de um homem gozando*

Beijos Bee!"

Maldita secretária eletrônica.

OK, a partir dai eu entrei em pânico. A enxaqueca já se tornara uma dor no corpo, acompanhada de calafrios, tonturas e um aperto no peito. Por que eu não ouvi meu travesseiro? Só me restava uma coisa a fazer, ir prestar depoimento.

Continua...